segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Violência perto de nós, por Osmar Ludovico da Silva

A notícia do jornal foi lacônica: jovem de dezoito anos assassinado a tiros. Não foi o único homicídio em João Pessoa naquele dia, houve outros quatro.
Só que eu conhecia o jovem de dezoito anos. Compartilhei com ele o Evangelho, o recebi em minha casa e o encaminhei a uma igreja. Bom menino, doce e meigo, mas infelizmente tinha se envolvido com drogas.

No Brasil morrem cerca de 40.000 pessoas assassinadas por ano. A maioria são jovens moradores em grandes centros urbanos, vítimas de uma violência perversa e inconseqüente. Morrem em brigas, acerto de contas, balas perdidas e confrontos com a polícia.

A gente sabe disso, mas fica assustada quando acontece perto da gente. E se pergunta o que está acontecendo.

Deus já não é relevante, e quando aparece na religião tudo dele é acomodado para não ferir a sensibilidade dos adeptos. Não se fala de pecado, de arrependimento, de juízo, de mandamentos e de valores e crenças absolutas. Tudo é diluído para manter o projeto religioso, muitas vezes comandado por estelionatários e adúlteros travestidos de pastores.

Na sociedade civil vemos uma deterioração da família, o casamento já não é mais para toda vida, e as paixões iniciais não resistem ao teste da vida real no quotidiano. Filhos crescem sem os pais, a escola não forma cidadãos. Tudo tem seu preço, tudo está à venda, o valor pessoal está nos símbolos de consumo e de status. A competição é feroz, pois construímos um mundo onde não cabem todos e muitos serão excluídos. O poder público dá mau exemplo, na corrupção e na impunidade.

O cenário internacional também não ajuda. Vivemos uma crise econômica resultante da ganância perniciosa de alguns. A perspectiva é de recessão e desemprego.
Neste cenário nossos jovens perdem-se sem valores, sem esperança, sem ideais. Abrimos os jornais e vemos o noticiário da TV e decididamente as notícias não são boas.

Cheguei arrasado no cemitério. Fui um dos primeiros e o menino estava só na capela, arrumado e florido do jeito que foi possível, pois recebera muitos tiros inclusive no rosto.

Sentei-me ao seu lado. Respirei fundo. Eu sabia que teria que falar algo na hora do sepultamente e fiquei ali orando e vendo as pessoas chegarem. Sua mãe que esteve sempre ao seu lado, seu pai que veio de longe. Alguns amigos, gente jovem estudantes, alguns adultos amigos de seus pais que olhavam assustados para outros jovens, de bermudão camisa colorida, gorro enterrado na cabeça.

Chegou a hora de falar. Outro pastor disse algumas palavras antes de mim. E eu ali pensando que eu vou dizer. Respirei fundo e orei.

E comecei a falar do meu coração a partir da minha própria perplexidade. Dirigi-me especialmente aos pais.

Sim, vamos invocar a Deus porque sem ele não dá para enfrentar esta barra. Mas afinal onde está Deus numa hora destas? Lembrei-me que face à morte Deus chora. Cristo chorou quando seu amigo Lázaro morreu. E chorou no Getsanami angustiado frente a sua própria morte. Lembrei de Deus o Pai e seu coração dilacerado, sem intervir na hora do assassinato de seu filho de trinta anos. Sim, Deus sofre com nossas mortes, se importa e chora. Há lágrimas de lamento e luto no céu.

Quando cheguei naquela capela um sentimento de derrota tomou conta do meu coração. Perdemos, eu disse ao outro pastor. O inimigo ganhou desta vez. Senti uma leve brisa acaricia o meu rosto e diante da sacralidade daquele momento, percebi que Jesus Cristo estava entre nós. E estava. Ele escolheu morrer a nossa morte, se identificar conosco na dor, na tortura e morrer uma morte cruel nas mãos de uma liderança religiosa corrupta e forças militares de ocupação perversas.

Ao morrer ele retorna a vida e ressuscita no terceiro dia. Naquela hora no domingo Deus dá sua resposta definitiva: o mal, a morte, o pecado e o demônio não têm a última palavra. A última palavra é dele, a vida triunfa sobre a morte!
Lembrei-me que aquele menino tinha ouvido o Evangelho e dava sinais de mudança em sua vida. E que certamente o Senhor teria misericórdia dele e o ressuscitará no último dia para vida eterna com ele.

Fechamos o caixão e fomos em procissão seguindo um carro funerário até o local do sepultamento. Naquele momento fui renovando minha esperança.
Sepultamos o menino. E eu voltei para casa sentindo dores no corpo como se tivesse levado uma surra. E no fundo do meu coração fazendo um voto de continuar lutando pelo respeito à vida, envolvendo-me em ações que minimizem o mal e promovam os valores do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 7 de novembro de 2010

A pobreza de Jesus Cristo, por Osmar Ludovico da Silva

Ele nasceu numa estrebaria de uma aldeia obscura, na periferia do império romano. Era filho de gente muito humilde e seu berço foi um caixote que se usava para dar de comer aos animais. Quando seus pais o apresentaram a Deus no Templo de Jerusalém, sua oferta se reduziu a duas pombinhas, oferta estipulada pela lei mosaica em tais ocasiões para pessoas sem recursos. Com seus pais, deixou seu lar e viveu como refugiado em terra estrangeira por causa de um decreto imperial que mandava matar todas as crianças com menos de três anos.

Ele foi criado em outra aldeia na casa de um carpinteiro e, quando adulto, chegou a afirmar que não tinha onde recostar a cabeça. Quando completou trinta anos tornou-se um pregador itinerante viajando pelo país com seus doze discípulos. Foi, então, falsamente acusado e inocentemente condenado. Seus amigos o abandonaram. Depois de torturado, foi crucificado entre dois ladrões. Quando morreu, aos trinta e três anos, foi sepultado em um túmulo que um amigo bondoso emprestou.

Jesus Cristo foi pobre, mas sua pobreza foi algo que ele assumiu voluntariamente, movido pelo seu amor. Ele era rico, mas fez-se pobre, numa expressão concreta de sua identificação com a humanidade.

É tempo dos cristãos dos grandes centros urbanos se arrependerem de usar Deus para satisfazerem sua ambição material. E aprenderem a viver com simplicidade e generosidade, ajudando aqueles que não têm para a subsistência diária.

Ouvimos muita gente dando testemunho que tinham um carro velho e agora tem dois novos, tinham uma casa pequena e agora tem duas grandes, que ganhavam um tanto, mas agora ganham três vezes mais. Aceitaram a Cristo, aderiram a tal igreja e prosperaram materialmente. Nunca ouvi alguém dando testemunho que se converteu e decidiu dar uma parte de seus bens para os pobres e para missões.

Cristãos urbanos de classe média estão imersos numa estrutura consumista, alienados da realidade do sofrimento de milhares de brasileiros. Pensam em si e no que é seu e confundem Deus o Pai de Jesus Cristo com Mamon, o deus dinheiro, o pai de todos os males (I Tm 6.10). Mamon é uma potestade, promete paz, tranqüilidade, vida feliz e alegria e, portanto, compete com Deus. Muitos acham que estão confiando em Deus, mas, no entanto, confiam em Mamon (Mt 6.24).

A sociedade de consumo nos condiciona e nos leva a desejar possuir cada vez mais coisas, convencendo-nos que tendo mais seremos mais. Um mundo que pensa e age somente em termos materiais acabou contaminando o povo de Deus. E igrejas anunciam conforto material ilimitado para aqueles que aderirem e trouxerem sua contribuição.

Acabamos todos preocupados com a vida material, amarrados em contas, crediários, consumo de supérfluos, símbolos de status, dominados pela ambição de ter mais, sempre insatisfeitos.

Jesus Cristo na sua pobreza voluntária nos liberta dos condicionamentos da sociedade de consumo, e nos torna dispostos a confiar a ele toda a nossa vida, dons, talentos, recursos e tempo para servir com alegria o nosso próximo.

O verdadeiro conhecimento de Deus gera santidade e serviço, e o verdadeiro conhecimento de si gera quebrantamento e humildade.

Estas são as virtudes que a Igreja mais carece nestes dias: santidade, serviço, quebrantamento e humildade. Portanto, tenhamos discernimento, pois há outra teologia por ai que ao invés de santidade gera negócios escusos, ao invés de serviço gera egoísmo, ao invés de quebrantamento gera farisaísmo, ao invés de humildade gera busca pelo poder.

Olhemos por um momento para a vida de Jesus de Nazaré em quem cremos. Ele abriu mão de seus direitos e privilégios, esvaziou-se de sua divindade, por amor a nós fez-se homem, veio para servir e não para ser servido.

Não há nada de errado em buscar as bênçãos de Deus e uma vida material digna. Errado é acumular sem repartir. Sodoma e Gomorra, contrariamente ao que muita gente pensa, não foram destruídas pela sua promiscuidade sexual, mas sim por que acumularam riquezas e não repartiram: “Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranqüilidade teve ela e suas filhas, mas nunca amparou o pobre e necessitado”. Ez 16.49

Que o Senhor tenha misericórdia de nós, que o Senhor tenha misericórdia de sua Igreja, que o Senhor tenha misericórdia do Brasil.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Espiritualidade e terapia comunitária

Nestes anos em que venho participando da Terapia Comunitária, já como curioso ou então como colaborador em distintos trabalhos, tenho tido a oportunidade de observar que a conexão entre espiritualidade e Terapia Comunitária é intensa e profunda.

As rodas de Terapia Comunitária concluem com rituais de integração. São momentos de comunhão como sagrado, de reforço de laços solidários. São momentos em que revive a religiosidade adormecida. As pessoas se abraçam, formam-se rodas, cantam-se hinos religiosos, abençoam-se uns aos outros, incluindo os ausentes. Mas não quero me referir aqui somente a manifestações explícitas de religiosidade, e sim, pontuar o que me parece ainda mais importante, que é como, a partir da prática da terapia comunitária, da redescoberta de si mesmo e da sua inserção num todo maior, praticam-se a fraternidade, o amor de uns pelos outros, o amor a si mesmo, o respeito e a reverência à vida nas suas distintas manifestações, na sua misteriosa inextinguibilidade.

Quando as pessoas apreendem a se escutar com atenção e respeito, e ao ouvir o outro percebo que ele e eu somos semelhantes, passamos por sofrimentos parecidos ou situações também parecidas, surge uma empatia. Eu e o outro não somos tão diferentes. Ela ou ele, e eu, temos muito em comum. Eu ajudo e sou ajudado. As redes, a teia de aranha, não são símbolos sem significado, mas realidades concretas.

Quando, na finalização da roda de Terapia, nos abraçamos uns aos outros, é porque juntos descobrimos uma força maior, uma que estava adormecida ou esquecida, como dissemos, e que foi revivida em poucos minutos.

Quando a Terapia Comunitária chegou aos Ambulantes, em 2004, na sala da Associação dos Moradores do Bairro onde se iniciaram os trabalhos, estava escrito numa louça: Juntos podemos vencer todos os problemas. Não poderia ser mais significativo. O reencontro da força coletiva, a recuperação da fé em si e na comunidade como ator social concreto, efetivo, no empoderamento das pessoas e na revitalização dos seus laços de pertencimento ao tempo e à vida, à sociedade e ao mundo atual, é profundamente religioso, nos sentido original do termo.

Alguns alunos tem pesquisado explicitamente a influência ou presença da fé nas rodas de terapia no Rio Grande do Norte. Outros, tem levantado, em entrevista com profissionais da saúde formados em Pedras de Fogo, Paraíba, a autoconsciência do renascimento que se processa na pessoa no processo de formação em Terapia Comunitária.

Ainda, no México, no Uruguay, e na Venezuela, tenho observado a confluência de tradições místicas da humanidade, entre as pessoas na ENEO-UNAM, na Facultad de Enfermería de la Universidad de la República (UDELAR), e na Universidad de Crarabobo.

O clima de alegria, a sensação de as pessoas serem vencedoras, o sentirem-se parte de uma força ativa de saração, é profundamente espiritual. Pessoas tem visto cor violeta (Uruguay), após uma sensiblização realizada, na qual, no final, cantou-se o Ave Maria. No México, um reviver da tradição asteca e tolteca, na visita às pirâmides de Cholula e Teotihuacán. Na Venezuela, um eclodir da alegria espontânea e gratuita que se expressam na dança e na piada, no mútuo se alegrar com a companhia dos promotores da vida, dos parteiros da esperança.

Não estamos falando apenas –embora também—das formas de religiosidade explícita, mas, sobre tudo, de vivências do sagrado. Nas Ocas do Índio em Beberibe-CE, nos encontros de formadores ou nas vivências durante a formação como terapeutas comunitários, temos vivenciado em nós e no grupo, estas sensações de pertencimento, de uma calma que supera a compreensão, uma sensação de paz, um estado de inexprimível unidade.

Já não importa o cargo ou a profissão, o papel social da pessoa ou a sua educação (grau de escolaridade), mas entre todos se criam laços de união duradouros que perpassam o tempo e as distâncias. É isto.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Carta aberta à Convenção Batista Paraibana, por Luciano Batista

Prezados/as irmãos/as...

Nestas ultimas semanas venho recebendo alguns e-mails, onde seus autores vêm demonstrando preocupação com a saúde espiritual da caminhada eclesiástica batista em nosso Estado. Tenho entendido e, portanto, esta é a leitura que faço, a convenção sofre uma crise de liderança, identidade e “amnésia doutrinária” onde as pessoas que conduzem a CBP-Convenção Batista Paraibana desejam resgatar o significado do “cristão batista” recorrendo a subterfúgios--determinados princípios que segundo eles, por serem históricos--, devem permanecer firmes na caminhada de todas as igrejas batistas presentes a esta convenção. A questão é que os atuais líderes desconhecem aqueles que (de fato) são os principais (e históricos) princípios batistas, dos quais cito aqui alguns para sua recordação e (quem sabe) dos demais “colegas de ministério”:

Primeiro, a Igreja é essencialmente separada do Estado, muito embora, alguns pastores não tenham qualquer dificuldade de promoverem-se e angariar votos em troca de determinados favores. Almoços, jantares, encontros ... com que intenção ambos (políticos e pastores) se reúnem? Para saborear as iguarias do rei? Lembro-me do profeta que ao ser convidado para participar da mesa e saborear as manjares de Nabucodonosor, simplesmente recusou. Transcrevo aqui o texto bíblico: E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar. Dn. 1:8. A decisão do profeta foi drástica, como pode alguém recusar sentar à mesa do imperador? Certamente não foi o medo de morrer envenenado, a questão é que sentar à mesa naquele contexto significava submissão e lealdade ao dono da mesa, aquele que destruiu Jerusalém, além é claro, de compactuar com sua política interna e externa de conquista e subjugação das nações.

Um segundo principio de extrema importância fala sobre a liberdade, tema esse difícil, complexo, mas, necessário! A liberdade do indivíduo para ler e interpretar as Escrituras, guiado pelo espírito de Deus na família da fé, em diálogo com a compreensão histórica da igreja e os métodos acadêmicos contemporâneos de investigação do texto bíblico. Bem, ele pode não estar literalmente desta forma nos anais, mas, certamente os senhores que fazem a convenção batista paraibana lembram da expressão teológica “livre-arbítrio”! Pois é exatamente sobre isto que versa este principio. Como já afirmei, essa coisa de dar liberdade para os outros é complicado, o sujeito começa a pensar numa teologia contextual, começa a pregar uma mensagem chamando os cristãos para uma vida de militância em prol do estabelecimento do Reino de Deus centrado na justiça, igualdade, diretos humanos, etc; e aí, sai do “padrão de homem de Deus” pois passa a ser visto como o arruaceiro, o sem princípios, o deselegante, o desviado, o sem noção, o “fora da lei”, o liberal na teologia, etc, etc. O texto bíblico é assertivo: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Gl.5:1.

Não desejo aqui fazer uma exegese do versículo, o que seria um erro, não se faz exegese de versículo e, sim, do texto inteiro, uma vez que a divisão de versículos e capitulo é bem posterior à escrita do texto sagrado (os calvinistas comentem tal equivoco constantemente).

Contudo, tendo em vista que a palavra chave desta epístola é liberdade, diria que a liberdade referida no texto diz respeito à libertação da lei veterotestamentária que exigia a observação (legalista) rigorosa, coisas da religião! Alias, a religião é assim, ela tenta o tempo todo aprisionar seu fieis em seu “espaço sagrado”, quando deveriam celebrar a diversidade, promover a oportunidade de relacionamentos dentro e fora deste “espaço sagrado”, reconhecer a dinamicidade da vida, viabilizar vivencias com o diferente sem medo de correr o risco de perder os fieis para outros pastos...

Que pastor em sã consciência permitiria suas ovelhas viverem suas respectivas vidas com tal projeto de liberdade? Conheço alguns poucos, dos quais nenhum deles fazem parte da presente liderança batista na Paraíba. Nunca consegui entender o porquê do medo da liberdade, o senhor ou o atual presidente da CBP ou mesmo o presidente da ordem dos pastores poderia me ajudar? Às vezes penso que se faz uma confusão entre liberdade e inconstância. Um amigo pessoal certa vez me disse que uma Humanidade livre é uma humanidade que se deixa interpelar por todas as pessoas que não lhe oferecem nenhum interesse, nenhum valor, que não oferecem nenhum poder novo, nenhuma garantia, mas apenas riscos e ameaças de perturbação. A partir dessa prática iniciada por Jesus, o Espírito inventou e suscitou uma história de liberdade da qual conhecemos apenas a aurora e que será o tecido do desenvolvimento do reino de Deus neste mundo.

Um último princípio que me vem à memória é o do desapego às coisas materiais, aos status eclesiásticos e aos privilégios oferecidos por políticos (corrompidos ou não) e pela sociedade em geral. Alguém pode me perguntar: de onde você tirou isto? Que livro registrou tal princípio? Quem criou ou que pastor batista dentro da “nossa historia” falou sobre este principio? Parto do pressuposto de que todos os princípios não apenas batistas, mas, cristãos em geral são baseados ou pretensamente baseados nos textos bíblicos. A atual crise que passam os batistas paraibanos diz respeito, em meu entendimento, a uma questão chave: independência ou manutenção de privilégios? Aqui, realmente não posso me estender muito! Sou alguém que vê as coisas como quem está de fora. No entanto, varias contradições são viscerais! Batistas e não batistas reconhecem perfeitamente que “nossas” crises extrapolaram os muros da denominação. A caçada aos pastores infiéis e as igrejas que não enviam o famoso “plano cooperativo”, a condenação aberta sem quaisquer respeito e escrúpulos a pastores idôneos que fizeram e fazem historia desde o sertão, a exclusão de igrejas inteiras do rol dos “verdadeiros batistas”, a manutenção ou troca articulada de pastores que “amam” a denominação e querem o melhor para a mesma, em cargos importantes... e o pior, um retorno em pleno século XXI a uma postura fundamentalista ou “melhor” xiita no que diz respeito a moral, espiritualidade e interpretação da bíblia é o próprio prenuncio do TELOS da comunhão Batista Paraibana!
Asseguro-lhe que minha labuta por uma espiritualidade peregrina e perambulante se manterá independente da crise ou das crises da convenção.

Asseguro-lhe de todo o meu coração que permanecerei firme na caminhada da fé, de maneira livre/liberta do julgo da lei denominacional imposta dia-a-dia por aqueles que, desconhecendo a historia e os princípios batistas, imprimem nas atas, palavras de ordem contra a liberdade de expressão, princípio singular não apenas dos batistas, mas, do mundo inteiro!

Asseguro-lhe sensatamente que continuarei na periferia, nos guetos, nos buracos da existencialidade, nas vilas, nos mocambos ainda existentes, muito embora, desconhecidos por parte daqueles que preocupados com a manutenção de seus status e posição eclesiástica, esquecem dos explorados e excluídos.
Asseguro-lhe que permanecerei “pastor” apesar de todas as minhas limitações, pecados, deslizes, mesmo sem um púlpito. Aliás, é um erro achar que pastor é aquele que está pastoreando uma determinada igreja/templo. Wesley já havia ensinado: minha paróquia é o mundo! E aqui na UFPB é um enorme campo missionário onde milhares de oportunidades me são dadas pelo Criador para despertar e desalienar cristãos evangélicos que enganados pela pregação da teologia da prosperidade, entram em crise quando a “bênção não vem”. Por outro lado, é um enorme desafio tentar revelar/falar acerca de Deus para os que querendo crer, duvidam! Ai, só me resta tentar viver o evangelho e silenciar.

Asseguro-lhe que continuarei firme na caminhada aberta, desimpedida, livre, simples, centrada no amor e no dialogo... que aprendi com irmãos de outras denominações, igrejas e religiões. É impressionante como me respeitam como pastor! Suas vidas me tocam profundamente! Pessoas transparentes, saradas da/na alma, cristãs sinceras, amantes da vida, abertas para o próximo, pessoas caminhantes... vivem uma comunhão da/na qual jamais presenciei em qualquer igreja batista, e olha, que sou pastor batista.

Há ainda algumas coisas que também EU NÃO ENTENDO, por exemplo:

Não entendo como alguém pode passar tantos anos num cargo “vitalício” privatizando-o e desta maneira, excluindo outros e outras de crescerem dentro da denominação e conseqüentemente aprender a valorizá-las. Será “cargo de confiança”? Se for então isso significa que alguns poucos pastores são “capacitados” e “fieis” para exercerem tal função!

Não entendo por que ocorrem articulações para que pessoas/pastores ligadas ao “meu grupo” precisa se manter no “poder” para que a vaca não vá para o brejo!

Não entendo o porquê de permitimos o legalismo e falso moralismo continuarem permeando as relações batistas quando inúmeros textos bíblicos nos revelam Jesus Cristo combatendo a hipocrisia dos lideres religiosos de sua época!

Não entendo porque obreiros do sertão ganham “esmolas missionárias” quando pastores da capital têm salários inescrupulosos.

Não entendo o como “homens de deuses” podem agir tão sem misericórdia para com “homens de Deus”, expondo-os e excluindo-os do “livro da vida batista”, suas palavras são quase divinas! Agem em nome de Deus, mas seus corações não estão no altar pois um coração que esta no altar é um coração quebrantado!

Não entendo porque pastores precisam agir rispidamente com colegas e ovelhas nas assembléias tentando silenciá-los e silenciá-las a fim de “manter a ordem”.

Há também coisas que entendo e gostaria de partilhar:

Eu entendo o porque pastores não aceitarem a soberania de Deus! O fato é que a soberania de Deus é uma coisa e a soberania dos lideres da religião é outra bem diferente e por vezes diverge da vontade soberana de Deus. Entre a soberania de Deus e a dos lideres da religião, preciso a Divina.

Também entendo que Deus usa os simples a fim de engrandecer seu nome, foi assim com Madre Tereza de Calcutá, Mahatma Gandhi, Jeremias, Isaias, Francisco de Assis, João XXIII, Martin Luther King, as Beguinas do século XII... O problema é que alguns querem aparecer a todo custo. Esquecem da exortação bíblica: “é necessário que Ele (Jesus) cresça e que eu diminua”. João 3:30.

Também entendo que neste mundo todos deveríamos ser mordomos de todos, inclua-se nossa casa comum, o planeta terra. Lamentavelmente o capitalismo desenfreado que aí está e que adentrou nas religiões, suprime este cuidado e nos faz enxergar apenas do que é nosso.

Diante de tudo isso, tenho dois simples conselhos, são tão simples que podem ser considerados simplórios. Primeiro, já que várias igrejas foram afastadas da CBP sugiro que as mesmas procurem se filiar a “Aliança Batista” cuja página na internet é a seguinte: http://www.aliancadebatistas.com.br E, segundo, meditemos nas palavras de Agostinho e deixemos nossas consciências livremente (sem os dogmas que aprisionam) serem cativas e transformadas pelos sábios conselhos de um velho mestre...

"Se você acredita no que lhe agrada nos evangelhos e rejeita o que não gosta, não é nos evangelhos que você crê, mas em você."

"A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las".

"Ama, e faça o que quiseres."

"Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me adulam, porque me corrompem".

“A medida do amor é amar sem medida”

Fraternalmente,

Luciano Batista (pastor sem igreja, mas não sem rebanho, e educador popular)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Enrique Orellana, de SOMOS IGLESIA CHILE, responde ao nosso contato:

Gracias Ronaldo por informar de la constituciòn del grupo y que hayan creado su Blog ¡¡ FELICITACIONES !! .
Aquì en Chile como otra expresiòn bajo el paragua de Tambièn Somos Iglesia naciò recientemente y tiene crecimiento lento pero firme y sostenido Movimiento Teologìa de la Liberaciòn "Opciòn por los Pobres Chile", con objetivos màs precisos, educativos, movilizadores y articuladores de grupos y movimientos en y para latinoamèrica y el mundo. Su correo opciòn_porlospobres_chile@yahoo.com.
Tambièn esperamos estar presente en la Asamblea del Pueblo de Dios en Roma 2015. Atentos a vuestros envios.
Saludo fraternal a p. Comblin y a todos y a todas. Mañana verè Blog y harè comentarios.
¡Por la interconectividad y la acciòn del Pueblo de Dios!! Para hacer posible Otro Mundo y Otra Iglesia!!
La Teologìa de la Liberaciòn Naciò Escuchando el Grito del Oprimido!!

Fraternalmente, por TSICHILE, Enrique Orellana F.
Date: Mon, 11 May 2009 19:14:08 -0700

segunda-feira, 11 de maio de 2009

MANIFIESTO SOMOS IGLESIA - LA REFORMA QUE ANHELAMOS.

(1er manifiesto, de 5 puntos, surgido en Austria en 1995 y base para la
posterior constitución del Movimiento Internacional Somos Iglesia /
International Movement We ar Church –IMWAC- en 1996)

Nos duele el hecho de que el acceso al auténtico mensaje de Jesucristo se hace hoy más difícil para muchos por circunstancias de la Iglesia Católica actual. Una crisis puede contener el germen de un ocaso, pero también la oportunidad de un renacimiento lleno de futuro. Los firmantes de este manifiesto esperamos que la crisis actual de la Iglesia Católica sirva para una reforma ya hace tiempo anhelada.

Con nuestra firma apoyamos la exigencia de una renovación de la Iglesia en el espíritu de Jesús, renovación que ha de venir también y esencialmente de la base. En particular, nos solidarizamos con las siguientes metas y anhelos del pueblo eclesial.

1. Construcción de una Iglesia fraterna.

* Igual dignidad de todos los creyentes: superación del abismo entre clero y laicos. Sólo así recuperará su vigencia la pluralidad de dones y carismas.

* Coparticipación y codecisión de las Iglesias locales en las designaciones de obispos. El obispo a designar debe gozar de la confianza del pueblo.

2. Plena igualdad de derechos de la mujer.

* Coparticipación y codecisión en todos los gremios eclesiales.

* Apertura del diaconado permanente a las mujeres.

* Acceso de las mujeres al ministerio sacerdotal. La exclusión de las mujeres de los ministerios no se puede fundamentar bíblicamente. La Iglesia no puede prescindir por más tiempo de la riqueza de capacidades y experiencias vitales de las mujeres, incluso en los puestos de dirección.

3. Libre elección entre formas de vida celibataria y no celibataria.

* La vinculación del ministerio sacerdotal a la forma de vida celibataria no es obligatoria desde el punto de vista bíblico y dogmático, sino algo histórico y por ello cambiante. El derecho de las comunidades a la celebración eucarística es más importante que una regulación eclesiástica.

4. Valoración positiva de la sexualidad como parte importante del ser humano creado y aceptado por Dios.

* Reconocimiento de la decisión responsable de conciencia en cuestiones de moral sexual (por ej., la regulación de la concepción).

* No igualación de las regulaciones de la concepción y el aborto.

* Más humanidad, en vez de condenas globales en lo relativo a la homosexualidad o a las relaciones prematrimoniales.

* Frente a las fijaciones en moral sexual, más acento en otros temas importantes, v. Gr.: la paz, la justicia social, la defensa de la naturaleza.

5. Mensaje de alegría en vez de mensaje de amenaza.

* Más acompañamiento y solidaridad, que ayuden y den ánimo, en vez de normas que angustian y causan estrecheces.

* Más comprensión y disposición conciliadora hacia personas en situaciones difíciles, que podrían emprender un nuevo camino (por ej., divorciados que contraen nuevo matrimonio, sacerdotes casados sin ejercicio ministerial), en vez de dureza inmisericorde.

—o0o—

Los puntos mencionados son metas que la Iglesia, por razón de su misión, del mensaje de Jesús y de las exigencias de nuestro tiempo debería alcanzar tan pronto como le sea posible. Esperamos que al menos sea posible un cambio gradual en esa dirección. Con él, la Iglesia podría volver a ganarse la confianza perdida.

domingo, 10 de maio de 2009

“DOM HELDER CAMARA E O VIGOR DA IGREJA DOS POBRES

SIMPÓSIO TEOLÓGICO - DIAS 19, 20 E 21 DE MAIO DE 2009 NA CAPELA DOM VICENTE DE PAULO, EM JOÃO PESSOA, PB

PROGRAMAÇÃO: 19h30-min às 21h30min

DIA 19: DOM HÉLDER E A IGREJA DOS POBRES
Exibição do Filme “O Santo Rebelde
Comentário: Pe Josenildo F. de Lima, Me. Teologia Dogmática

DIA 20: DOM HÉLDER E A OPÇÃO PELOS POBRES
Expositor: Prof. Dr. Gilbraz Aragão, UNICAP – Recife, PE
DIA 21: DOM HÉLDER E O PROFETISMO NA IGREJA
Expositor: Pe. José Comblin, teólogo